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6 de fev. de 2012

Foi pela sua amizade


Fim de setembro, início de primavera. Você poderia ser confundida com margaridas enquanto usava seu vestido florido. Me lembro de ter sentido uma pontada de inveja. Como você conseguia ser tão feminina, tão delicada, tão graciosa? Eu não tinha nenhuma dessas qualidades, era exatamente o contrário. Normalmente eu me contentava em ser a forte, a prática, a decidida. Mas naquele dia eu queria me livrar do peso de ser forte. Eu queria me assumir frágil, e pedir colo para alguém. Justo eu, do alto da minha segurança, me deixei envolver demais, logo eu, que estava sempre protegida por uma muralha de orgulho próprio, estava ali, quase desabando.
Você não jogou na minha cara que eu disse "nunca me apaixonaria por alguém assim", não mencionou a dieta que eu havia começado uma semana antes, muito menos me olhou com cara de piedade. Apenas me ouviu resmungar e reclamar, como um criança chorona, enquanto nos empanturrávamos de sorvete. Não parece importante, talvez você nem se lembre disso, mas foi naquele dia que eu notei que suas atitudes simples e seu jeito carinhoso mantinham nossa amizade firme, e que nossa amizade era tudo o que eu precisava, nos momentos tristes e alegres, para me manter segura.

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